Aos novos docentes do IPPUR, nossas boas vindas

Boletim nº 87, 09 de junho de 2025

Alany Maria de Amorim dos Santos

João Pedro Braga dos Santos

Júlia Natália Souza Gonçalves

Estudantes do GPDES e extensionistas da Agência IPPUR

 

A edição nº 87 do Boletim IPPUR é especialmente importante. Nesta edição, celebramos o ingresso de quatro professores adjuntos no quadro de docentes do Instituto, os quais aceitaram convite para colaborar com a nossa redação, contribuindo com um pouco de sua experiência. Apresentamos os professores Carla Hirt, Juciano Rodrigues, Mariana Mazzini Marcondes e Renata Cristina Antão, que chegam ao IPPUR para enriquecê-lo com reflexões e perspectivas inovadoras.

Carla Hirt foi aprovada no concurso para professora adjunta na área de Sociedade, Território e Gestão Pública. Sua formação acadêmica inclui graduação e mestrado em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutorado em Planejamento Urbano e Regional pelo IPPUR/UFRJ. Como relatou à equipe da Agência IPPUR, ela tem se dedicado, em sua trajetória acadêmica e profissional, a pesquisar as “relações entre Estado, Capital e Sociedade tendo território como campo privilegiado de análise, com destaque para as narrativas e os desdobramentos dos estímulos ao desenvolvimento em disputa no país”. Partindo dessa perspectiva, Carla conta como espera contribuir para uma formação crítica e socialmente referenciada dos/as discentes do GPDES:

Espero contribuir para a formação de quadros voltados para a construção de um Estado, uma administração pública e uma sociedade republicana, democrática e justa – sobretudo no que diz respeito à produção e disseminação de conhecimento acadêmico, e à qualificação profissional no planejamento do território. Penso ser importante atuar por uma compreensão crítica do papel do Estado na concepção e execução de políticas públicas, bem como por uma formação consistente em relação às questões socioeconômicas, do ambiente urbano e rural, e das questões local-regional-global.

Além disso, Carla também antecipa as temáticas e os projetos que pretende desenvolver no GPDES, destacando os processos de neoliberalização como objeto:

Planejando os próximos passos, pretendo dar continuidade aos estudos referentes aos processos de neoliberalização e seus desdobramentos sociais e no espaço urbano e regional, observando os meios, os agentes e os discursos envolvidos na construção da hegemonia do ideário neoliberal, tendo os conflitos como chave de leitura privilegiada.

Juciano Rodrigues, por sua vez, ingressou no IPPUR como professor adjunto na área de Métodos Quantitativos para as Ciências Sociais Aplicadas. Juciano é bacharel em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), mestre em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas e doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Urbanismo (PROURB) da UFRJ. A partir da sua experiência na área, ele comenta sobre a importância da formação em métodos quantitativos não só para fins de “rigor teórico e técnico” na interpretação de dados, mas também para desenvolver perspectivas críticas e ferramentas adequadas para a atuação com políticas públicas:

Espero que minha experiência em métodos quantitativos permita contribuir para a construção do GPDES como instância formadora e com o fortalecimento do IPPUR como centro de excelência no ensino e na pesquisa em políticas públicas e em planejamento urbano e regional. Entendo que a formação em Gestão Pública exige atualmente a capacidade de interpretar dados com rigor teórico e técnico, mas sem perder a perspectiva crítica para a formulação e avaliação de políticas públicas. Nesse sentido, os métodos quantitativos são ferramentas fundamentais não apenas para a análise, mas também para a tomada de decisões socialmente informadas, transparentes e voltadas, principalmente, ao interesse público.

Particularmente, Juciano destaca sua intenção de integrar “o ensino de técnicas estatísticas e de ferramentas computacionais com exemplos concretos da realidade brasileira”, articulando bibliografia teórica e ferramentas estatísticas aplicadas para políticas públicas reais. Com isso, busca “despertar o interesse dos estudantes para análise de dados, estimulando, ao mesmo tempo, uma postura crítica sobre as fontes de informação e os métodos aplicados.” De forma mais ampla, também destaca o diálogo entre a área de métodos quantitativos e outros campos disciplinares da gestão pública:

Vejo a área de métodos quantitativos como uma ponte entre teoria e prática, capaz de dialogar com outras instância do campo da gestão pública — como economia, administração pública e políticas sociais — e de fornecer aos alunos uma base sólida para a carreira em órgãos públicos, organizações da sociedade civil e instituições de pesquisa.

A terceira professora a se somar ao quadro de docentes do IPPUR, Mariana Mazzini, entrou na vaga dedicada à Gestão e Políticas Públicas no Brasil. Mariana é graduada em Direito pela USP, doutora em Administração Pública e Governo pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e já atuou como professora de Administração Pública e Gestão Social na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e como Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental (EPPGG) do Governo Federal – duas experiências que ela destaca em sua trajetória profissional. A partir delas, Mariana aponta duas contribuições principais em sua atuação no GPDES: 

A primeira delas é que eu vivi o “Campo de Públicas” um pouco na teoria e um pouco na prática. Apesar de eu já ser docente de magistério superior federal desde 2019 – na UFRN –, eu também fui Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental (EPPGG) do governo federal por cerca de 10 anos. E, como EPPGG, tive a oportunidade de trabalhar no Governo Federal, mas também na Prefeitura de São Paulo, em áreas bastante diversas (políticas para as mulheres e igualdade racial, participação social no planejamento e orçamento, coordenação governamental, monitoramento e articulação de projetos de infraestrutura e mobilidade urbana, etc.). Penso que essa é uma trajetória que contribui para pensar a gestão pública a partir da prática e dos problemas concretos, mas também para orientar discentes em relação à inserção no mercado de trabalho, que é uma função importante – embora não a única – do ensino superior.

A segunda contribuição se relaciona à pauta das desigualdades, que tem acompanhado sua atuação acadêmica – especialmente na extensão – e profissional:

A segunda delas é que, quer na inserção na prática, quer na teoria da gestão pública, eu sempre atuei em pautas relacionadas às desigualdades, que é o grande desafio que o Brasil experimenta para efetivar um projeto político de inclusão e justiça social. Ainda que eu tenha me dedicado principalmente às políticas para a igualdade de gênero e raça, na UFRN eu coordenava um programa de extensão que se chamava Observatório das Desigualdades, que partia de uma concepção da interseccionalidade entre múltiplas relações sociais que produzem desigualdades. Aqui temos um ponto. É muito importante valorizarmos a extensão crítica e transformativa para o cumprimento da função social da universidade, e de seu compromisso com o enfrentamento às desigualdades.

Particularmente, Mariana vê como promissora a possibilidade de trabalhar a política de cuidados como agenda de pesquisa, ensino e extensão no IPPUR, considerando sua atuação no Governo Federal, desde 2023, contribuindo com a construção da Política Nacional de Cuidados.

Por fim, Renata Antão ingressou como professora na área de Direito Administrativo e Terceiro Setor. Renata é graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), mestra em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora em Planejamento Urbano e Regional pelo IPPUR. Ainda na graduação, atuou na defesa do direito à moradia e de outros direitos sociais a partir de sua experiência no Núcleo de Prática Jurídica “Escritório Modelo Dom Paulo Evaristo Arns” da PUC-SP e no Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos. Também trabalhou na Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça como coordenadora de atos normativos e na Secretaria-Geral da Presidência da República como consultora responsável pelo desenvolvimento de metodologias voltadas à implementação do Novo Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC). Em suas palavras: “Essas experiências aprofundaram minha compreensão sobre os instrumentos legais que regem as relações entre Estado e sociedade civil, fundamentais para a atuação de gestores públicos.”

Renata participou, ainda, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ), atuando como assessora e responsável por parcerias na Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social (ATHIS) e de patrimônio cultural para aplicação na prática do MROSC. Ela destaca como sua trajetória acadêmica e profissional contribui para uma formação jurídica crítica e engajada dos e das estudantes do GPDES:

Com formação jurídica na graduação e atuação especializada em Direito Administrativo e Terceiro Setor, acredito que minha contribuição para o curso de Gestão Pública da UFRJ está na mediação entre os marcos jurídicos e a prática cotidiana da gestão pública democrática. […] Essa vivência reforça meu compromisso com a formação de profissionais capazes de mobilizar o Direito não apenas como instrumento de controle, mas como ferramenta para a promoção de políticas públicas legítimas, participativas e voltadas à redução das desigualdades sociais.

Partindo de diferentes áreas de formação e de atuação acadêmica e profissional, os/as novos/as docentes compartilham perspectivas críticas e inovadoras, em defesa de um curso de gestão pública de excelência, fortalecido pelo diálogo interdisciplinar e comprometido com a construção de uma sociedade justa e igualitária. 

Damos as boas-vindas e desejamos uma excelente jornada no IPPUR!