Artigo: Bauhaus do mar – uma reflexão a partir do sul global

Boletim nº 46 – 08 de abril de 2021

 

O artigo, escrito pelo doutorando do IPPUR Bráulio S. André, traz à luz a reflexão de como os países do sul ou tidos como subdesenvolvidos são usados como “laboratórios” experimentais dos países centrais. Dividido em análises, a primeira apresenta um convite para compreender a origem do termo Bauhaus,  ao passo que, num segundo momento, o ensaio  faz uma reflexão crítica acerca do legado histórico, cultural e patrimonial europeu dentro do território africano. Por fim, é abordado o projeto europeu Bauhaus do Mar e sua potencial ameaça à soberania dos povos africanos.

 

Por Bráulio S. André¹

 

Resumo 

O presente ensaio, faz uma reflexão sobre como determinadas políticas implementadas em países “subdesenvolvidos” ou se preferirmos países do sul  global, são formuladas em “laboratórios” dos países ocidentais e são transferidas  por meio de seus agentes para os países de destino. A proposta aqui, é refletirmos  até que ponto o projeto estratégico da União Europeia Bauhaus do Mar, pode ser um projeto de espionagem para coleta de dados sobre os recursos minerais,  biológicos e as atividades humanas nos países do sul global, com objetivo de influenciar às tomadas de decisões da União Europeia – UE, em relação as  melhores formas para manutenção das relações de poder, de exploração e de  dependência, sobretudo com os países africanos. Num primeiro momento,  procuramos compreender a origem histórica do termo Bauhaus sobretudo no séc. XX e como esta expressão foi adotada no séc. XXI para o novo projeto estratégico  da UE, Bauhaus no Mar. Num segundo momento, o ensaio faz uma reflexão crítica em relação ao significado histórico do mar para os povos africanos e como tal  significado se distancia do legado histórico, cultural e patrimonial europeu. Em  terceiro lugar, é feita uma reflexão em torno do projeto europeu Bauhaus do Mar à  medida que seu texto oficial apresenta indícios de que o mesmo configura uma potencial ameaça a soberania dos estados africanos. Finalmente discorremos em  torno de considerações orientadas aos países ocidentais, bem como aos dirigentes dos países africanos, na forma de lidar com tais processos. 

 

Palavras-chaves: Bauhaus do Mar, União Europeia, Espionagem, África. 

 

Introdução 

A Bauhaus foi uma escola de artes, design e a arquitectura que surgiu durante a  chamada República de Weimar, na Alemanha, num momento de grande crise  política e econômica. O período entre as duas guerras mundiais propiciou um  terreno fértil para as ideologias da Bauhaus.  

A principal intenção era alavancar a economia alemã e, para tal fim, a Bauhaus propunha-se a acabar com a “parcela livre de artistas que geralmente amargavam  seu insucesso na Alemanha” (WICK, 1982). Assim, estes passariam a ter uma  função social, deixando de ser dispendiosos para o governo.  

A proposta apresentada era unir aos produtos industrializados, então em ascensão,  a arte e a técnica. Da união e das relações estabelecidas pela Bauhaus entre a arte,  a técnica e a indústria, originou-se o que hoje se conhece como desenho industrial.  A arte e a técnica deveriam tornar-se uma nova e moderna unidade, a técnica não  necessita da arte, mas a arte necessita muito da técnica. Se fossem unidas, haveria  uma noção de princípio social: consolidar a arte no povo (BURDEK, 2010). 

Bom na verdade a história da Bauhaus é um pouco mais complexa, passando por  manifestos, conflitos políticos em função das ideologias divergentes entre de seus  integrantes e os governos ao longo dos anos, culminando com sua a extinção em  Berlim no ano de 1933. 

Esta ligeira abordagem foi para nos ajudar a contextualizar a questão em relação ao  origem do termo ou da expressão Bauhaus, o que nos interessa agora é  compreender o projeto Bauhaus do mar e como este, apesar do seu discurso  inovador, pode se apresentar como uma “mascara” que poderá estar a esconder uma estratégia de manutenção ou se quisermos de recuperação de um projeto estratégico dos países centrais – em particular a União Europeia, para docilização  das mentes e continuação dos processos de pilhagem e de exploração dos países  africanos, colocando-os em uma situação constante de “subdesenvolvimento” e  dependência, um projeto que muitos autores tendem a classificar ou a denominar  como neocolonialismo. 

Nossa intenção com este artigo é efetivamente demonstrar – a partir do documento  (elaborado pelo grupo de trabalho nomeado pelos órgãos ministeriais do governo  português) oficial de disseminação da ideia da Bauhaus do Mar em Portugal e juntos dos territórios que num passado não muito distante foram “invadidos” pela então  coroa portuguesa e consideradas colônias do ultramar até as suas independências,  como esta ideia poderá estar a esconder uma estratégia de manutenção do poder  por parte dos países ocidentais em relação aos países do sul. Nossa intenção não  é discutir o mérito da proposta, mas fazer uma reflexão que desperte e/ou auxilie os  países africanos no processo de tomada decisão em relação a implementação de  ideias vindas do norte global como o máximo de prudência. 

 

Bauhaus do mar: uma reflexão a partir do sul global 

Inspirada na Bauhaus da República de Weimar da Alemanha no séc. XX, a Bauhaus do séc. XXI, é uma proposta “recém-cozinhada” nos “laboratórios” da União  Europeia e que se apresenta como um movimento de implementação da economia  verde ou se quisermos da economia amiga do ambiente, usando o discurso da  sustentabilidade e da inclusão.  

No dia 18 de janeiro de 2021 a Comissão Europeia (com base no discurso sobre o  estado da União de 2020, proferido pela presidente Úrsula von der Leyen), tornou  público o lançamento da fase de concessão da iniciativa novo Bauhaus europeu. Uma  iniciativa que é considerada como um projeto ambiental, económico e cultural, que  visa combinar a concessão, a sustentabilidade, a disponibilidade, a acessibilidade de  preços e o investimento, a fim de ajudar a concretizar o Pacto Ecológico Europeu das pessoas. Até aquele momento parecia uma ideia inovadora e interna à Europa,  a preocupação começa a surgir quando a Comissão Europeia abre o debate para  que os países membros da União apresentassem suas ideias em relação a proposta  do novo Bauhaus europeu

Com base nesta ideia, Portugal propõe a necessidade de torna-la global,  envolvendo uma mobilização mundial a partir daquilo que os continentes tem em  comum, o mar, ou seja a construção de navios que viajem pelos mares visitando  territórios costeiros a fim de desenvolver um leque de atividades como levantamento  das condicionantes ambientais dos territórios, abertura para a continuidade do  projeto estratégico europeu, implementação de ideias orientadas ao conceito de  cidadania global, reintrodução da cultura europeia nas intervenções artísticas e  tecnológicas locais.

A ideia portuguesa começa a ser fortemente abraçada pela UE, Portugal avança na  sua divulgação pelos países, convidando pesquisadores, académicos, políticos,  jornalistas, dentre outros, primeiro internamente e de seguida nos países com os  quais tem uma relação bilateral (sobretudo no continente africano), para que estes  possam apresentar a sua contribuição em relação a proposta. Esta situação  desencadeou uma reação interessante entre a comunidade científica e atraindo para  Portugal um misto de sentimentos entre “amor e ódio” em relação a proposta,  sobretudo vindo de dirigentes e intelectuais africanos. Ou seja, algumas  individualidades africanas amaram a ideia e já começam a cogitar a possibilidade de ter em sua costa um navio Bauhaus. Porém, outras individualidades africanas se  apresentam céticas em relação a proposta, sobretudo no que concerne aos indícios  de ameaça a soberania dos estados, a economia, a sociedade, a história, a cultura,  aos hábitos e aos costumes, dentre outros. 

O texto com a proposta portuguesa começa justificando o por que da escolha do  mar e dos oceanos, trazendo a baila questões como espaço de regulação do clima,  fronteira natural em relação as superfícies terrestres, gera emprego por meio da  economia azul dentre outros elementos. O texto ressalta ainda dois aspetos nos  quais gostaríamos de concentrar nossa análise e que deveria merecer o máximo de  atenção e preocupação: (1) o Mar representa um legado historio, cultural e  patrimonial da Europa; (2) o mar seria no século XXI um espaço de intervenção  futura a partir do qual, seria possível evitar os erros do passado. 

Em relação ao primeiro aspeto, fica evidente a não preocupação do texto com o  sentimento do africano sobre o mar, o mar representa em sua história, para o  pensamento africano, muitas vezes morte. Durante grande parte do período colonial  desde o séc. XIV ao séc. XX, o mar trouxe a morte na forma de exércitos  portugueses que destruíam vidas, afastavam famílias, destruíam culturas, dividiam  povos, roubavam suas riquezas (ouro, prata e outras), seus artesanatos, escravizavam e comercializavam pessoas, estupravam mulheres, destruíam seus  territórios.  

O legado histórico e cultural português ou se preferirmos europeu, quer gostemos, quer não, é manchado de sangue, de morte e destruição de povos africanos. O legado histórico, cultural, patrimonial europeu no geral, e o português em particular, foi construído em grande parte por escravizados africanos, através do tráfico negreiro onde muitos eram levados acorrentados em barcos para as fazendas no  Brasil, para as minas de ouro, para servirem como propriedade de outrem e  violentamente tratados. Como conta Luís Alencastro, em sua obra O trato dos  viventes: a formação do Brasil no atlântico sul pulicada no ano de 2000, as  condições de vida nos navios que traziam os escravizados de Angola para o Brasil, eram desumanas, fedorentas, violentas e aterrorizantes, muitos destes  escravizados acabavam por sucumbir de doença ou suicídio no meio do trajeto  marítimo entre Angola e o Brasil. É exatamente isto que representa – pelo menos  simbolicamente no subconsciente do africano, o legado português, o navio  português, o mar, Calunga².

Em relação ao segundo aspecto, preocupa-nos o conteúdo arrogante do texto,  quando menciona que a Bauhaus do mar “pretende promover renovadas éticas e  estéticas de desenvolvimento regenerador”. Reintroduzindo a ideia de assimilar o  africano. As questões que se colocam são: quem foi que disse que o africano não  tem ética e estética ou que sua ética e estética precisa ser docilizada de acordo aos  padrões europeus? Quem foi que disse que os africanos pretendem ou querem  abraçar as ideias dos designs europeus em substituição dos seus? 

O próprio texto denuncia a intenção dos europeus em continuar a realizar pilhagem dos recursos naturais em África, quando refere por exemplo que a ideia da Bauhaus  do Mar em suas viagens é lançar âncoras em determinada costa de algum território  para “cartografar e comunicar fluxos de recursos minerais, biológicos e humanos,  parametrizando, otimizando e digitalizando os dados para gestão e tomada de  decisões”.  

As questões que se colocam são: para que finalidade o navio de um país estrangeiro  navega até as águas territoriais de outro país pra realizar o “reconhecimento e  levantamento das condições geográficas e dos recursos naturais? Para quem tomar  decisões? E o texto diz mais, “abrindo as suas diversas dimensões para as  necessidade estratégicas do projeto europeu”. O que o texto pretende dizer com  isso? Que necessidades estratégicas são estas? Que projetos europeus são estes?  O texto ainda refere, “para evitar erros do passado”. Quais erros do passado? Em  fim, são questões para a nossa reflexão!

A arrogância do texto é preocupante e não tem limites, “jogam na cara” dos africanos  estes documentos e subestimam sua inteligência. Os países africanos precisam  tomar cuidado com estas ideologias, com estas políticas neoliberais elaboradas pela União Europeia, que viajam pelo mundo, sendo disseminadas por seus agentes e  atraindo o interesse de governos locais. Tais políticas são mascaradas e colocam  em risco a soberania dos estados, metendo-os em uma situação constante subdesenvolvimento e dependência. 

O texto do documento se contradiz quando refere que a Bauhaus do Mar pretende  “legitimar as mais diversas formas de saber-fazer já presentes nas comunidades  locais e nos ecossistemas costeiros e marinhos”, mas também diz que pretende  “promover renovadas éticas e estéticas de desenvolvimento regenerador”. Uma  contradição surreal, introduzindo a possibilidade de participação obedecendo as  revindicações dos grandes fóruns mundiais sobre a necessidade da inclusão e  participação das comunidades em processos de tomada de decisão para  implementação de políticas. Porém a pretensão de promover as ideologias  europeias em detrimento da práxis das populações locais contraria a ideia de  inclusão, de participação e de incorporação do saber local. 

A ideia da Bauhaus do Mar pretende materializar-se na forma da construção de um  navio escola. Na verdade, o discurso é o de uma “escola no mar”. Parece um filme  de sonhos e maravilhas, um navio que viaja pelos mares entre as “principais cidades  costeiras, entre os lugares da antiguidade clássica e do novo mundo”, lembrando o  período das grandes navegações, a era dos descobrimentos um período da história  que decorreu entre o século XV e o início do século XVII, durante o qual,  inicialmente, portugueses, depois espanhóis e, posteriormente, alguns países  europeus exploraram intensivamente o globo terrestre em busca de novas rotas de  comércio e que trouxe lembranças e consequências amargas sobretudo para os  países do sul global até aos dias atuais.  

A intenção da Bauhaus do Mar (evidenciada no próprio documento) é a coleta de  dados, a caracterização territorial e ambiental, a docilização dos povos, a  substituição de práticas e tecnologias locais em favor dos ideais, das práticas e das  tecnologias europeias para futuramente a re-implementação do plano estratégico  europeu de manutenção do seu poder através da exploração dos recursos naturais africanos, do saber local em relação a biodiversidade e serviços ecossistêmicos,  colocando assim os países africanos em uma constante relação de dependência.

 

Considerações finais 

Tendo em conta o exposto, é fundamental ressaltar que com a dinâmica de crises  sociais e económicas que mundo tem vivenciado, agora agravada pelos impactos  da Covid 19, a Europa tem perdido de alguma forma sua hegemonia na grande  arena mundial e assistido a ascensão de potências emergentes como é o caso  sobretudo da China.  

A China, hoje a principal parceira estratégica dos países africanos, que também tem  em sua agenda um plano estratégico para alterar a estrutura de poder mundial, faz  com que a Europa se sinta aflita, obrigando-a a optar pelas estratégias mais  macabras, utilizando suas mais avanças tecnologias (como a inteligência artificial  dentre outras) para reconquistar aquilo que ela entende ser “seus antigos territórios”. 

Acreditamos que é preciso respeitar a soberania dos estados africanos, existem  outras formas de negociar que tragam benefícios mútuos, sem a necessidade de  espionagem e posterior subjugação e exploração. A questão que se coloca é, qual  seria a reação da Europa se algum navio africano ancorasse em sua costa para  cartografar e comunicar os fluxos de recursos minerais, biológicos e humanos,  otimizando e digitalizando dados para a gestão e tomada de decisão? Para reflexão! 

Outro aspeto de fundamental relevância é chamar atenção dos governos não só  para o perigo a soberania dos seus países, mas também ao fato de que muitas  vezes tais planos estratégicos contendo uma agenda ocidental, são implementados  com a conivência de dirigentes africanos. Assim foi, durante os séculos de  colonização, continua a ser, nos dias atuais. Continua a existir dirigentes africanos docilizados como retrata Foucault (2009) em Vigiar e Punir. São portanto, dirigentes  “fantoches” dos governos ocidentais. É preciso reconhecer isto e mudar o quadro.  Enquanto os líderes africanos não adotarem posturas que dificultem as manobras e  investidas dos ocidentais, atraindo para si e para seus cidadãos maior dignidade e  respeito, seus países vão de continuar em situação de dependência e exploração. 

Vale lembrar um episódio interessante que aconteceu recentemente em Angola. Em  2019 uma equipa de pesquisadores da National Geographic realizou um  documentário sobre a Bacia Hidrográfica do Okavango, que faz a fronteira natural entre Angola, a Namíbia e o Botsuana. O discurso era o da necessidade de se  conservar aquela rica e virgem biodiversidade, após o documentário, instalaram-se  os conflitos socio-ambientais. Hoje, o projeto nacional já não é o de conservação da  biodiversidade do Okavango, mas o da possível exploração de recurso naturais  identificados no local, como é o caso de reservas petrolíferas. Os dirigentes  africanos precisam deixar de ser coniventes e de facilitar os processos de pilhagem  e exploração em África.  

Os dirigentes africanos precisam apreender a dizer não aos ocidentais, aprender a  dialogar de “igual para igual” com o ocidente para que possam obter de acordos  mais justos, que não endividem seus países e que garantam melhor qualidade de  vida para os seus cidadãos. A ideia da Bauhaus no Mar tem “poder” simbólico e  histórico negativo para os povos do sul global, o mais grave, pode ser perigosa para  a soberania dos estados africanos.

 

Referências

ALENCASTRO, Luiz. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul,  séculos XVI e XVII. São Paulo, Companhia de Letras 2000. 

BURDEK, Bernhard E. Design: História, teoria e prática do design de produtos. 2ª  Ed. São Paulo: Editora Blucher, 2010. 

BORDALO, Ricardo. Petróleo: exploração e pesquisa na área protegida da Bacia do  Okavango gera protesto na Namíbia. Novo Jornal de Angola, artigo publicado a 04  de fevereiro. Luanda, 2021. 

COMISSÃO EUROPEIA. Nova Bauhaus europeia: Comissão lança a fase de  conceção. Comunicado de Imprensa, publicado a 18 de janeiro. Bruxelas, 2021.  

NUNES, Nuno; DUARTE, Frederico; ALVELOS, Heitor; PESTANA, Mariana;  FIGUEIRA, Miguel. Bauhaus do Mar. Manifesto produzido para lançamento do  processo de discussão aberto no âmbito do Grupo de Trabalho Novo Bauhaus  Europeu. Disponível: https://bauhaus-mar.pt/ 

PAIO, Alexandra. Nova Bauhaus Europeia. Jornal Económico, 2021. Disponível:  https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/nova-bauhaus-europeia-694085 

PASCHOARELLI, L; SILVA, J; LELIS, V. Bauhaus: métodos de ensino em Weimar,  Dessau e Berlim. Revista Convergências, 2018. 

WICK, Rainer. Pedagogia da Bauhaus [1982]. Tradução de João Azenha Jr. São  Paulo: Martins Fontes, 1989.

 

Notas

¹Bráulio Sebastião André é Doutorando em Planeamento Urbano e Regional pelo IPPUR da Universidade Federal do  Rio de Janeiro – UFRJ/Brasil. Professor nas disciplinas de Planeamento e Política Regional, Planeamento e  Desenvolvimento Local, Planeamento Territorial, Ordenamento e Gestão do Território, Geopolítica e Geoestratégia do  Território no Instituto Superior Politécnico Metropolitano de Angola – IMETRO e na Universidade Independente de Angola – UNIA. Coordenador do Núcleo de Pesquisa Observatório das Cidades e Regiões Africanas em Angola – OCRA/Angola. Pesquisador vinculado Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES/Brasil.  

2 Calunga: expressão da língua nacional e grupo étnico linguístico Quimbundo de Angola. Significa mar, morte ou o  mar mata.