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Boas vindas às novas docentes!
Publicado em 11/11/2025
CATEGORIAS: Boletim IPPUR, Destaques, Notícias, Notícias IPPUR
Boletim nº 91, 11 de novembro de 2025
Jullia Martins
Graduanda em Gestão Pública para o Desenvolvimento Econômico e Social
É com imensa alegria que, nesta 91° edição do boletim, damos as boas-vindas a quatro novas professoras adjuntas e que ingressam no quadro de docentes do Instituto, as quais aceitaram o convite para colaborar com a nossa redação, contribuindo com um pouco de sua experiência e trajetória. Apresentamos as professoras Fernanda Pernasetti, Fernanda Verri, Luana Adriano e Mariana Bonadio, que chegam ao IPPUR trazendo contribuições valiosas e perspectivas inovadoras ao Instituto e ao GPDES.
Fernanda Pernasetti foi aprovada no concurso para professora adjunta na área de Gestão e Políticas Públicas no Brasil. É bacharel em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), mestre em Ciência Política pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos-UERJ e doutora e pós-doutoranda em Planejamento Urbano e Regional pelo IPPUR/UFRJ. Fernanda ainda conta um pouco sobre sua trajetória acadêmica e profissional, que perpassa principalmente temas sociais e urbanos; com atuação na educação, com políticas urbanas municipais, em favelas e periferias. Como relatou à equipe da Agência IPPUR, desde o seu doutorado ela vem desenvolvendo pesquisas no campo da seguridade social, sobretudo nas áreas de Previdência, Saúde e Assistência Social. Partindo dessa perspectiva, Fernanda explicita como toda sua carreira moldou seu ponto de vista intelectual:
Creio que essa trajetória consolidou uma base sólida de compreensão dos desafios da produção de bem-estar social e luta por direitos no Brasil, tendo como quadro teórico de referência o pensamento crítico nas Ciências Sociais. Nesse sentido, meu olhar para o mundo e para os temas de pesquisa tem como pano de fundo o desenvolvimento desigual e combinado próprio do Capitalismo e de seus ciclos no chamado “longo tempo histórico”.

Por fim, Fernanda explica como pretende contribuir para a formação crítica dos/as discentes do GPDES, contando ainda sobre seu objetivo como professora universitária:
Acredito que minha contribuição para um curso de gestão pública está em construir com os estudantes uma visão crítica que lhes forneça recursos teórico-metodológicos para uma atuação política intelectualmente rigorosa. Meu principal objetivo na universidade é ajudar a formar profissionais que incidam de forma qualificada no debate público, sabendo interpretar a realidade brasileira com rigor científico, mas também com sensibilidade social e compromisso radical com o combate às desigualdades via políticas públicas.
Fernanda Verri, por sua vez, ingressou no IPPUR como professora adjunta na área de Política Habitacional e Planejamento Territorial. Sua formação acadêmica inclui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com mobilidade acadêmica na Universidade Politécnica de Turim (Politecnico di Torino), mestrado em Planejamento Urbano e Regional pelo Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional (PROPUR) da UFRGS, doutorado em Planejamento Urbano pela Universidade da Califórnia, Los Angeles (Luskin School of Public Affairs/UCLA) e pós-doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PROGRAU) na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). A partir de sua experiência na área, ela comenta sobre a expectativa de trazer a prática pedagógica e aos projetos de pesquisa e extensão que estiver envolvida duas contribuições principais, a primeira em suas palavras é “a ênfase na urgência em pensarmos espacialmente, tanto do ponto de vista metodológico, quanto epistemologicamente” que ela desenvolve:
Além do estudo de temas como pobreza e desigualdade ser mais fácil a partir de uma determinada geografia (seja o bairro, a cidade ou a região), o urbano também deve servir como objeto de análise. O CEP de uma pessoa influencia, enormemente, seus desfechos educacional, de saúde e econômico. Portanto, ao falar de política pública, precisamos considerar o contexto geográfico no qual ela está sendo aplicada. Por outro lado, não podemos esquecer, ao estudar a gestão pública, incluindo as políticas urbanas, da importância de se olhar também para suas ressonâncias no território.

A segunda contribuição se relaciona a sua própria experiência e colaboração no avanço do debate quando o assunto é moradia e arranjos fundiários, que adquiriu ao decorrer de sua carreira, em suas palavras:
Muitos outros direitos sociais passam pelo acesso à moradia adequada e pela segurança de posse. Um dos objetivos principais da gestão e políticas públicas é, justamente, promover a justiça social e é impossível garantir a justiça social sem assegurar a justiça habitacional.
A terceira professora a se somar ao quadro de docentes do IPPUR, Luana Adriano, ingressou na vaga dedicada às Instituições Jurídicas e Direito Públicos. Luana é graduada em Direito pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mestre em Direito Constitucional pela Universidade Federal do Ceará e doutora em Direito no Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em cotutela com a Westfälische Wilhelms-Universität (WWU). Luana tem se dedicado a temas que articulam direitos humanos, deficiência e inclusão, com uma atuação acadêmica com ênfase em perspectivas críticas sobre cidadania, diversidade e justiça social. Mantém forte envolvimento com ações de extensão universitária e iniciativas voltadas à promoção dos direitos das pessoas com deficiência e à construção de práticas educacionais mais inclusivas. A partir de suas experiências, Luana conta um pouco mais sobre como percebe no que pode contribuir em sua atuação no GPDES:
Passar a integrar o corpo docente do IPPUR significa um aprofundamento do compromisso com a pesquisa crítica, com a formação pública e com o enfrentamento das desigualdades. Minha formação jurídica e meu deslocamento teórico e social para o campo da deficiência se alinham diretamente com o tema do planejamento urbano em duas dimensões essenciais: o reconhecimento da reprodução capacitista do espaço urbano e a centralidade do planejamento como mediador da justiça da deficiência. Tais dimensões partem do pressuposto de que o espaço não é um cenário neutro, mas um produto social atravessado por relações de poder – essa é a chave do modelo social da deficiência. É no espaço que a deficiência é construída e é também nele que sua reificação obstrui o gozo de direitos e oportunidades de determinados sujeitos. A deficiência, assim como a cidade, é histórica e socialmente produzida, emergindo da relação entre corpos e territórios, da seletividade de políticas públicas, da regulação jurídica e da distribuição desigual de acessos.

Luana ainda traz questionamentos relevantes, que guiam sua perspectiva, se relacionando com o foco teórico que busca destrinchar, e se mostra muito animada em fazer parte do instituto, em suas palavras:
Onde está a deficiência no território, por que ela está onde está e o que significa existir como pessoa com deficiência em um espaço de desigual distribuição de poder, oportunidades e reconhecimento social? A missão de investigar estas e outras questões, com o apoio de brilhantes colegas e estudantes com quem muito irei aprender, se apresenta para mim agora como uma tarefa teórica e política que se inscreve na tradição crítica do IPPUR. Espero poder estar à altura de tal empreitada!
Por fim, Mariana Bonadio entrou como professora na área de Cultura Interseccionalidade Território e Políticas Públicas. Mariana é graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com especialização em Epistemologias do Sul pelo Conselho Latino Americano de Ciências Sociais (Clacso), mestra em Sustainable Territorial Development pelo Consórcio EMStede e Doutora em Planejamento Urbano e Regional pelo IPPUR/UFRJ. Ela ainda conta que suas experiências muito relacionadas às contribuições que fará ao IPPUR e GPDES, em suas palavras “Minha contribuição ao GPDES parte do campo dos estudos da cultura, especialmente na interseção entre imaginário social e justiça.”, temas os quais desenvolveu pesquisas ao longo de sua carreira.
Mariana fala ainda sobre sua concepção de conhecimento e o conjunto de teorias que sustentam o seu trabalho acadêmico, trazendo uma reflexão quanto ao estudo da cultura e sua própria perspectiva:
A ideia de cultura ingovernável, proposta por Jazmín Beirak: governar a cultura não é controlá-la, mas criar condições para que sua própria ingovernabilidade se expresse. Essa formulação, embora soe poética, tem implicações muito concretas. O cultural, em sua indeterminação e multiplicidade, é o campo onde se produzem sentidos, valores e disputas, onde o político se faz. Seu poder político está nas decisões materiais que moldam quem pode criar, aparecer e ter voz na esfera pública, isto é, nas suas lógicas organizacionais e infraestruturais. Cultura e infraestrutura, longe de se oporem, se entrelaçam em tramas vivas de materialização e significação, em práticas, linguagens e afetos que enraízam modos de habitar, produzir e imaginar o espaço. As teorias feministas e queer, especialmente em suas vertentes racializadas, têm mostrado que a política se produz junto com subjetividades e normatividades que estruturam o social, justamente nesse espaço relacional e imprevisível que o cultural encarna.

Ela destaca como esse ponto de vista se relaciona diretamente a vocação crítica do IPPUR, que questiona a posição da gestão pública como uma mera técnica neutra de administração em suas palavras:
Se o desafio é sustentar o público sem pretender governá-lo inteiramente, desejo contribuir para uma formação em gestão pública atravessada pela sensibilidade do cultural, atenta às escalas do corpo e da vida cotidiana […]. Na sensibilidade do cultural na gestão pública, ao tratar o público como um campo vivo de criação coletiva, gerir se confunde com imaginar, e imaginar é ato de transformar a realidade.
Com trajetórias formadas por diferentes áreas do conhecimento e experiências diversas na docência e na pesquisa, as novas professoras trazem olhares críticos e propositivos. Juntas, contribuem para consolidar um curso de Gestão Pública de excelência, pautado pelo diálogo entre saberes e pelo compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Damos as boas-vindas e desejamos uma excelente jornada no IPPUR!


