Boletim #82
Boletim IPPUR nº 82, de 04 de outubro de 2024
Destaque
O corpo feminino na cidade: uma perspectiva geral do debate
Yara Coelho Neves, doutoranda do IPPUR, disserta sobre a reprodução das opressões sobre o corpo feminino no espaço urbano como reflexo das dinâmicas capitalistas e patriarcais, a partir das teorias feministas. Compreendendo a cidade enquanto espacialização das relações sociais, Yara destaca os desafios da conciliação do trabalho reprodutivo com o trabalho produtivo, chamando a atenção para como os corpos femininos enfrentam desafios específicos relacionados ao direito à cidade, uma vez que estas são pensadas a partir de uma lógica patriarcal. Assim, ela provoca que os debates sobre planejamento urbano se desloquem do lugar de neutralidade científica, admitindo as desigualdades e opressões como forças determinantes a serem consideradas na produção do espaço urbano.
Lançamento da coleção “História da imigração no Brasil”
No dia 21 de setembro, no Museu da Imigração de São Paulo, ocorreu o lançamento da coleção “História da imigração no Brasil”. A coleção de três livros, lançada pela Fundação Getúlio Vargas, conta com a participação do professor associado aposentado do IPPUR, Helion Póvoa Neto, como coorganizador do segundo volume e co-autor de capítulos. O trabalho busca, a partir de um panorama multidisciplinar que aborda o histórico dos movimentos migratórios até os dias atuais, destacar a importância das migrações no processo de formação da sociedade brasileira e discutir processos atuais e futuros de relações com o mundo global.
Acontece no IPPUR
Biblioteca Integrada EBA FAU IPPUR
A recém inaugurada Biblioteca Integrada EBA FAU IPPUR, no Edifício Jorge Machado Moreira, reúne os acervos das três unidades em um projeto inovador que a coloca entre as bibliotecas com o maior acervo especializado nos temas de Arquitetura, Artes, Design, Urbanismo, Planejamento e Gestão Pública das Américas. A biblioteca é a concretização de um planejamento de décadas entre as unidades envolvidas e o Sistema de Bibliotecas e Informação da UFRJ e a efetivação do uso do projeto original do edifício que até então não havia sido implementado, representando uma importante conquista para a comunidade acadêmica. Entenda mais sobre o processo de implementação da biblioteca!
A pesquisa “Cartografias Jurídicas: Mapeando Conflitos Fundiários na Cidade do Rio de Janeiro”, coordenada pelo grupo de pesquisa e extensão Labá – Direito, Espaço & Política, em parceria com Observatório das Metrópoles, do IPPUR, traz dados atualizados para o Panorama de Conflitos Fundiários Urbanos. O estudo aponta para a continuidade de processos históricos de gentrificação na conformação do espaço urbano da cidade do Rio de Janeiro em função de interesses mercadológicos, em detrimento do direito à cidade da população, sendo o poder público responsável pelas ações de remoção que impactam o maior número de famílias.
Debates
Silvina Fernández, professora da Faculdade de Educação da UFRJ e egressa da turma de Especialização em Gestão Pública do IPPUR, analisa a legislação federal que instituiu a Conferência Nacional de Educação 2024 (CONAE), investigando quais foram as contribuições para um processo de planejamento efetivamente participativo para os diferentes grupos sociais. Diante do da garantia da participação popular presente na Constituição Federal de 1988, o texto discute o processo de avanços, retrocessos e resistências na participação da sociedade civil nas políticas educacionais e destaca os desafios políticos e institucionais para a efetivação do processo participativo.
IPPUR na Mídia
No programa do dia 27 de setembro, o professor Emérito Carlos Vainer debate junto a Lorene Figueiredo, professora da UFJF e presidente do PSOL de Juiz de Fora, e Eblin Farage, professora da UFF e ex-presidente do Andes-SN, sobre os desdobramentos da intervenção com força policial na ocupação de estudantes na UERJ. O debate abarcou as ameaças à autonomia universitária, as dificuldades para os debates políticos dentro do campo progressista diante da expansão da extrema direita, os crescentes ataques à educação e a conformação da universidade enquanto fruto das disputas sociopolíticas.
Professora Giselle Tanaka do IPPUR participa de simpósio sobre Cidades Médias e Pequenas, na UEFS
Do dia 18 ao dia 20 de setembro, ocorreu na Universidade Estadual de Feira de Santana (BA), o I Simpósio Internacional Cidades Médias e Pequenas e o VII Simpósio Cidades Médias e Pequenas da Bahia, com o tema “Políticas territoriais em cidades médias e pequenas: novas periferias, desigualdades e diversidades”. A professora do IPPUR e coordenadora do GPDES Giselle Tanaka participou da primeira mesa redonda, debatendo questões sobre o direito à cidade e os interesses econômicos que determinam o crescimento urbano nas periferias.
O projeto “Cartografia do Ecossistema de Inovação Social de Petrópolis”, uma parceria entre o IPPUR, o Instituto Phillipe Guédon (IPG) e a FAPERJ, realizou a segunda oficina com organizações de assistência social e dos direitos da criança e do adolescente da cidade. O projeto busca mapear as iniciativas de organizações locais, compreendendo a importância dos agentes sociais nos territórios na solução dos problemas públicos na cidade, sob a perspectiva das políticas públicas.
O projeto de pesquisa O direito das favelas no contexto das políticas de regularização fundiária: proposições conceituais, teóricas, metodológicas e políticas, coordenado pelo professor Alex Magalhães, busca compreender as lógicas de organização dos territórios de favela, abrangendo as 4 capitais brasileiras com a maior proporção de população moradora de favelas. Segundo o professor, as favelas historicamente buscaram se auto-regular, em função do atraso da chegada das políticas Estatais ou pelo fato de que, ao chegarem, frequentemente possuem caráter de autoritarismo e violência, motivando iniciativas de construção, pela comunidade, de melhores respostas às próprias demandas. Ao investigar diferentes regiões do país, o estudo observa que essas dinâmicas se dão de formas muito diversas, e tem o objetivo de contribuir para aprimorar as políticas públicas destinadas às favelas.
O espetáculo, que ocorreu no dia 20 de setembro no SESC Campinas, é um solo teatral sobre a primeira mulher a lutar pelos direitos das prostitutas no Brasil, Gabriela Leite. A peça surge a partir de um trabalho de pesquisa em parceria com o Observatório da Prostituição, projeto de pesquisa e extensão do IPPUR coordenado pela professora Soraya Simões, criando um mosaico de narrativas e escritas de mulheres a partir do processo de pesquisa e curadoria do acervo histórico. O espetáculo estreou em janeiro deste ano e vem fazendo temporadas em diversos espaços culturais.
No programa de 22 de setembro, o professor do IPPUR Daniel Negreiros comenta sobre o recente aumento dos juros pelo banco central justificado pela expansão da demanda de consumo frente à capacidade produtiva, criticando a política austera que desestimula as compras de bens de serviço e, consequentemente, também a produção de mercadorias, o que seria economicamente benéfico. Segundo ele, a política monetária contrária à lógica da política fiscal atende apenas aos interesses do mercado, indo de encontro ao pleno emprego, à economia aquecida e ao bem estar da população.
O Observatório das Metrópoles, do IPPUR, em conjunto com a Central de Movimentos Populares (CMP), realizou um estudo sobre o déficit habitacional no Centro da cidade do Rio de Janeiro, mapeando ocupações em imóveis abandonados. Matéria publicada pelo jornal A Verdade apresenta dados do levantamento e informações sobre a luta do Movimento de Luta nos Bairros e Favelas (MLB), um dos movimentos populares que organiza famílias que moram nessas ocupações e denuncia a falta de políticas de habitação de interesse social no Rio de Janeiro.
Observatório das Metrópoles nas eleições do Rio: Crias da periferia e suas novas centralidades
No mês de setembro, a coluna Observatório das Metrópoles nas Eleições do Rio, da Rede Observatório das Metrópoles, publicou o texto “Crias da periferia e suas novas centralidades” no Jornal Brasil de Fato. O texto aborda a evolução da compreensão das periferias urbanas enquanto meros lugares de carência em relação a uma centralidade para espaços com complexidades e centralidades próprias, a partir de um processo de valorização das expressões culturais e da ascensão acadêmica de moradores de áreas periféricas que popularizaram esses territórios e suas representações. Assim, levanta a necessidade de que essas populações não sejam apenas ouvidas, mas também inseridas na construção de uma cidade pensada de forma integrada, levando em consideração as novas centralidades através das políticas públicas.
Expediente: Direção Fabricio Leal de Oliveira / Coordenação de Divulgação: Mariana Albinati e Claudia Paiva Carvalho / Editora-responsável: Mariana Guimarães de Carvalho / Assistentes editoriais: Thaís Santana e Vivian Monteiro / Apoio: Equipe Agência IPPUR.