Boletim #77

Boletim nº 77, 03 de abril de 2024

O Programa Minha Casa Minha Vida como estratégia de enfrentamento à violência contra a mulher: avanços e desafios atuais

No mês da mulher, Daiane da Silva Pacheco Nery, doutoranda do IPPUR, escreve sobre a relação entre a centralidade da questão fundiária e da moradia e as questões de violência contra a mulher, analisando os esforços historicamente observados no âmbito das políticas públicas direcionadas ao alcance da equidade de gêneros. Analisando a linha do tempo de implementação de políticas nacionais de habitação de interesse social, Daiane fala sobre a importância de ações intersetoriais e de superação do modelo hegemônico de produção e planejamento para o encerramento do ciclo de subordinação e de violência de gênero.

O RAP como uma produção cultural negra emancipatória e revolucionária

A partir da análise das letras dos rappers Don L e Leall, em articulação com os conceitos de revolução e de emancipação e de referências do pensamento negro e decolonial, Jonathan Araújo, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional, investiga a construção de um pensamento revolucionário e/ou emancipatório no RAP nacional. O autor contextualiza historicamente as raízes do RAP, seu entrelaçamento com o movimento do Hip Hop, suas influências afro-diaspóricas e as especificidades que marcam o seu surgimento no Brasil. Atento a esse panorama, Jonathan identifica aspectos de denúncia e de crítica política e social, mas também de mobilização revolucionária e emancipatória nas letras estudadas, com ênfase nas dimensões de opressão – de raça, classe e gênero – e sua interface com o território.

“Se morar é um direito, ocupar é um dever”: a experiência da luta do MLB no Rio de Janeiro

O NAJUP Luiza Mahin, projeto de extensão da Faculdade de Direito da UFRJ, em conjunto com o Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas, rememoram a trajetória de luta por moradia de movimentos atuantes na área central do Rio de Janeiro, até a conquista das 150 unidades habitacionais para as famílias das ocupações Almirante João Cândido e Luiz Gama. No texto, tratam sobre os processos de ocupação dos imóveis que não cumpriam função social, os despejos, o posicionamento do judiciário e do poder executivo frente à questão da moradia, a defesa da propriedade privada, o planejamento urbano e a abertura de canais de negociação com o Estado, até a efetivação do direito fundamental à moradia digna.

Trajetórias Multidisciplinares no Campo de Públicas

A nova série Trajetórias Multidisciplinares no Campo de Públicas, coordenada pela professora do IPPUR Maria Aparecida Azevedo Abreu, trará entrevistas mensais de profissionais da área, com o intuito de realçar, do ponto de vista pedagógico, a diversidade das possibilidades de atuação profissional desse Campo multidisciplinar e de recente formação. Confira o que vem por aí!

Aula inaugural e recepção aos novos discentes do PPGPUR

O início das atividades acadêmicas de 2024 no IPPUR foi marcado pela aula inaugural proferida pela professora convidada, Janice Perlman, e pela recepção dos/as novos/as discentes do PPGPUR pela coordenação do curso. Esses momentos de trocas e diálogos contaram com intensa participação e engajamento do corpo social do IPPUR e representaram um início promissor para um ano cheio de desafios. Confira como foram as atividades!

Levantamento do Observatório das Metrópoles e Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos oferece subsídios à investigação sobre a relação entre o assassinato de Marielle e Anderson e a questão fundiária

Estudo realizado pelo Observatório das Metrópoles (IPPUR/UFRJ) e Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (GENI/UFF) em 2021, ao tratar da relação entre o poder das milícias e questões fundiárias, ofereceu subsídios à investigação sobre a motivação do crime do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson. Os dados do levantamento mostram que lucros advindos do mercado imobiliário já eram a principal fonte de renda das milícias do estado do Rio de Janeiro.

Conceito trabalhado pelo professor do IPPUR Henri Acselrad é citado em análise sobre os desastres socioambientais na região serrana do RJ

Após a previsão de chuvas com índices pluviométricos maiores do que os que causaram grandes desastres na Região Serrana fluminense nas últimas décadas, matéria publicada no jornal Opera Mundi tratou da atuação do poder público frente à rotina de desastres causados pelas intempéries. Utilizando o termo “irresponsabilidade organizada”, trabalhado pelo professor Henri Acselrad, do IPPUR, Flávio Braga analisou a relação entre exploração capitalista, mercado imobiliário e poderes políticos na causa de catástrofes que atingem classes menos favorecidas, em função de desequilíbrios climáticos.

Expediente: Direção Fabricio Leal de Oliveira / Coordenação de Divulgação: Mariana Albinati e Claudia Paiva Carvalho / Editora-responsável: Mariana Guimarães de Carvalho / Assistente editorial: Luís Felipe de Assis do Nascimento / Apoio: Equipe Agência IPPUR.